sábado, 23 de janeiro de 2010

Última Voz

                                                                                                 Cuspo luz em suspensos olhos amarrados, falta insegura dos laços corpóreos. Compro tecidos caminhos na orla, chegando até o Farol. Deslizo na rota parassintética escolha do brilho interno. Garrafa d’água com gasolina, fósforos em delicadeza de tango.

- Perdi o desejo de consumir.

                                           Arranho a pele, trago no corpo inteiro a perspectiva solar do ensimesmado. Atiro facas em pedras batidas pelo mar. Compro uma entrada em Dante, assumo alheio copo que segura as minhas vontades. Arrebol de uma última voz que ainda persigo.
- Senti o livre continuar desintegrado.

                Subo as escadas do Farol em lenta argüição espiral, devir de\gr/ad\ad/o, já encharcado em movediço líquido volátil. Olho o mar que espera uma direção sem naufrágios. Acendo o fósforo dos desavisados. Incendeio minhas ilusões até me tornar a luz desse Farol. Reflexos retroflexos ampliam o calor que come minha carne num grito integrado ao corpo, última voz.

- E ilumino o caminho Ilustrado de quem não tem rumo.

Danilo Machado




SONY Cyber-Short-Stories: In-copos Incorporados / V Linhas para Baudelaire