quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

CONFÚCIO

Binarismos Desconfigurados

Dedico ao Testo Yonqui, Beatriz Preciado.



                      Escorriam pseudo-opções. Naquela noite, Confúcio encontrava no irmão, Tales, o mesmo véu. Saltava de ambos o desespero, agora comunicável. Vozes de meninos cibernéticos querendo escapar de máquinas, esculpindo o rosto do passado. Sem virtudes, corpos eram vistos mais que tocados: Sexódromos urbanos. Toxicômanos. Fármacos-pornográficos. Crepúsculos do Devir Cyborg.
Os dois irmãos catavam indícios de confissão, corpos impulsionados por testosterona. Confessaram Paixões, declararam um ao outro as suas identidades regidas pelo mesmo impulso castrado. E Gotan Project principiou a tendência. Cazuza tencionou o diálogo. Capote violentou a narração. Agora, mais que irmãos, solidão compartilhada. Unidos por rígida identificação, narcótico do desejo.
Naquela noite de confissão foram à boate. Tribal House, para esquentar o volume no jeans. Psy Trance, para liberar o olhar. Drum and bass, para o roçar de pêlos.
Se atracavam no ritual orgíaco, mas quando se viram no meio da multidão, desordem. Confúcio rejeitava Tales que, masturbando outro num canto, cumpria a função de fêmea submissa.
Fora da boate os dois irmãos voltaram a brigar como na infância, disputas de territórios, socos no estômago. Em pranto Confúcio pedia desculpas, revelando o ciúme. Se abraçaram. Se entenderam. Se completam. Tales assume sua força e completa Confúcio. Num beco qualquer, retornam ao ritual. Tales mete no irmão. Confúcio se deixa romper, sem gel, no gemido histérico de Confúcio. Plata Quemada.

           No café da manhã, Família Chou reunida, Tales rompe o silêncio:

           – Preciso dizer. Quem se modera se perde. Vi na proporção discursiva, o desajuste. Fui direto às perguntas, porque as repostas se confundem. Recolhi indícios no passado. Acendi um canhão de luz. Quem disse que o silêncio não trai? Confúcio é viado.

Danilo Machado

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