domingo, 17 de julho de 2011

VERSO PARADO EM PARÁGRAFO

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Para compor um verso em linha reta é preciso acusar a ordem de escritura habitual no horizonte. Possivelmente faço acusações que reclamam aos sinais gráficos, pouco eficientes, sem continuidade estética.
As migrações textuais se traduzem como fios paralelos, mas a progressão discursiva é colorida no verso do verso. Suas curvas ideais flexibilizam acordos musicais de impressão vocal grafada.
Robustos assombros ovídicos, cores românicas ausentes nas privações de interpretação vazia, assim como acordes comunicando pelas ruas, poças d’água, mendigos, letreiros, sem dizer muito.
Os telhados são como títulos rimados por falta de chuva. Portas ocupam o espaço para deixar o vento livre de ocas paradas discursivas, sempre oprimidas por modismos livrescos.
Simetria? Sim, sempre medida pela quantidade gráfica, o poema é um rito vertical de prudências visionárias. Apontamentos sígnicos conduzem aos acessos míticos em memória sem fim.
Sinto-me cheio e vazio. É como botar significados vazios dentro de alguém. Um parágrafo compositivo num rio de adornos. Alegres comadres de Windsor escutando atrás da porta.
 DANILO MACHADO 

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