Para Lucía Etxebarria
O vento abre tempestades/ se entregando aos abismos e rios./ Eu como vaidades, lágrimas em gotas de chuva/ que evaporavam e ninguém vê:/ tuas palavras de internauta transbordam, em nagô,/ como rios vermelhos.
/Odeio-te com todas as tuas mentiras!/ Desde a primeira vez, por msn ou telefone,/ desejei... e hoje quero tua ausência,/ não sei, talvez para continuar essa merda de amor/ romântico que corrói meu sonho,/ dia e noite,/ nessas histórias causadas pela falta que tuas palavras me fazem./
Sou Iansã Empoeirada,/ cegueira constante,/ nesse vazio deixado por outros amores./ Tu, Oxum de Riacho Sujo,/ doces formas corroendo caminhos,/ construindo passarelas de segurança, nunca alcançadas/ ignoradas no controle do desejo alheio.
FW:
- Marco Antônio perdendo seu império por amor à Cleópatra.
- Ofélia se atirando no rio por não ver o amor de Hamlet.
- Botticelli enlouquecendo por Simonetta Vespucci,
imortalizando
sua beleza em grande parte de sua obra.
- Dom Quixote se iludindo em ações à Dulcinéia.
- Werther se dando tiro quando sabe que Carlota vai se casar.
- Anna Karenina abandonando o filho por amor a Vronski,
sendo esmagada pelo trem.//\\
- Rimbaud não escreveu uma só linha depois que terminou
sua relação com Verlaine.
Sou/ Iansã Inconstante Pelo Nada/ de significado nessa porra/ de discurso de ausência do objeto amado./ Todas as coisas se perderão no tempo/ lágrimas dissolvidas na chuva.
Danilo Machado
Foto: Pierre Verger
Esse texto me tocou profundamente!
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